"UM MUNDO PIOR?"

05-12-2015 23:33

"UM MUNDO PIOR?" (revista
VISÃO, 22 de outubro de 2015, p. 26)

                "Todos os dias - a todos os minutos - somos inundados com histórias de desgraças.
Fome, guerra, pobreza. A julgar pelas notícias, achamos que o planeta e a
Humanidade caminham para a sua perdição. Resta saber se os factos confirmam os
achismos."

                "UM PLANETA SOB PRESSÃO. No início dos anos 60, havia apenas 3 mil milhões de
pessoas no mundo. Hoje, somos mais de 7 mil milhões. Mas, apesar de todas as
previsões apocalípticas, os recursos do planeta parecem estar a dar para as
encomendas."

                "FOME. 1990: 23,3%. 2015: 12,9%. À primeira vista, os números não são muito
animadores: há 25 anos, mil milhões de pessoas estavam subnutridas, e hoje,
apesar da descida, há ainda 800 milhões que adormecem com fome. Mas, levando em
conta o aumento da população, a subnutrição passou para quase metade."

                "GUERRAS. As estatísticas não confirmam a nossa perceção de que o mundo está mais
violento. O número de mortos em guerras, em relação à população total, é hoje o
mais baixo de sempre. E mesmo em números absolutos as últimas décadas têm
revelado uma enorme descida: das 65 mil vítimas anuais, em média, da década de
1950, passámos para duas mil por ano, na década passada."

                "POBREZA. É um marco histórico. Este ano, a população mundial que vive abaixo do limiar
da pobreza deverá ser pela primeira vez inferior a 10%, segundo o Banco
Mundial. Para se ter uma ideia da importância desta conquista, diga-se que, em
1990, a pobreza extrema atingia 37% da Humanidade."

                "550% Aumento global do número de painéis solares instalados nos últimos seis anos.
As fontes renováveis de energia, aliás, têm desempenhado um papel cada vez mais
importante na produção de riqueza: no ano passado, a economia mundial cresceu
(3,4%) sem que as emissões de gases com efeito de estufa tenham aumentado,
coisa que nunca acontecera desde a revolução Industrial."

                "HOMICÍDIOS. Na Europa Ocidental, no século XIV, eram assassinadas cerca de 50 pessoas por
cem mil habitantes; hoje, as estatísticas rondam uma pessoa por cem mil."

                "MORTALDIADE INFANTIL. Nos últimos 25 anos, a taxa de mortalidade em crianças com menos de 5
anos baixou de 90 para 43 mio nascimentos. Traduzido em vidas, isto significa
mais de seis milhões de crianças salvas."

                "Estamos provavelmente a viver um dos momentos mais pacíficos da História da nossa
espécie na Terra. Steven Pinker, professor de Psicologia na Universidade de
Harvard e autor de The Better Angels of
Our Nature: Why Violence Has Declined
(Os melhores anjos em nós: porque a
violência caiu)."

                Começo por confessar que sou cético em relação a este balanço otimista da situação em
que o mundo se encontra, talvez fruto das notícias com que diariamente somos
bombardeados, mas também em virtude do modo como as estatísticas podem ser
manipuladas desde que se alterem determinados critérios. Não fico por isso
muito entusiasmado e eufórico com estes anunciados progressos que não são
visíveis a olho nu. Mas é melhor boas notícias do que más, desde que não sejam
demagógicas e pretendam insinuar uma ilusão. Face à discrepância entre o que
nos parece e o que aqui é proclamado o que acontece é que não sabemos já em que
acreditar, porque na realidade as notícias são contraditórias.

                Em todo o caso convém desmontar o mito e não devemos de modo algum contribuir para ele,
de que o evangelho e a fé cristã se alimentam do mal, da miséria, da desgraça,
das más notícias, da violência e da guerra, da injustiça e do sofrimento. Mesmo
que o homem conseguisse criar uma sociedade sem carências, ainda assim há uma
carência que os bens materiais nunca poderiam satisfazer e que está no cerno do
coração humano - a necessidade de relacionamento com o Criador, o homem só se
realiza no sentido que a intimidade com Deus lhe proporciona.

                Isto não nega o facto de que o resultado do pecado é a morte, porque a morte é
essencialmente essa rutura do homem com Deus, essa falta da vida de Deus no
homem que Jesus veio restabelecer. Lembramos o que Jesus disse: "Pois, que aproveitará o homem se ganhar o
mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?"

(Mateus 16:26)