RAIMON PANNIKAR - O teólogo católico que quis as suas cinzas nas águas sagradas do Ganges

02-10-2010 20:25

 

 

1918-2010 RAIMON PANNIKAR – O teólogo católico que quis as suas cinzas nas águas sagradas do Ganges.

“Um dia contou que em 1954 deixou a Europa como cristão, descobriu na índia que era hindu e regressou como budista – sem, contudo, ‘nunca deixar de ser cristão’. (…) A sua tese de doutoramento em Teologia, O Cristo Desconhecido do Hinduísmo, defendida em 1961, compara a filosofia de São Tomás de Aquino com a interpretação que um sábio hindu, Sankara, faz das escrituras sagradas do hinduísmo. Na tese, defende que Cristo não é um exclusivismo do cristianismo, mas antes um símbolo da unidade entre o divino e o humano, ou o rosto humano de Deus.” (Jornal Público P2, 11.09.2010, p. 12, António Marujo)

 

CATÓLICO, HINDU E BUDISTA

            “É preciso superar tanto o exclusivismo, que afirma que só uma religião é verdadeira, rejeitando as outras, como o inclusivismo, segundo o qual a verdade de uma está implícita nas outras. O diálogo autêntico só pode ter por base o são pluralismo: todas as religiões são presença do Absoluto, mas nenhuma o possui definitivamente.” (Jornal Diário de Notícias, 11.09.2010, p. 62, Anselmo Borges)

 

            Presidente do Parlamento das Religiões do Mundo, não surpreende que pensasse dessa forma e fosse tão veemente e até fundamentalista na sua perspectiva de encarar o diálogo, querendo impor uma definição do são pluralismo. Nós temos um entendimento bastante distinto e não deixamos de estar disponíveis para o diálogo e respeitarmos a diversidade de religiões. Para nós o diálogo reside precisamente na capacidade de perceber as diferenças profundas que existem no universo do religioso e do espiritual, na impossibilidade de considerar a todas elas como parte de uma mesma realidade do Absoluto porque Deus não é contraditório e oposto em Si mesmo.

            Acreditamos na revelação que Deus faz de si mesmo na Bíblia e de modo pessoal na forma humana em Jesus Cristo. O Deus que assim se nos apresenta é muito diferente do Deus que nos é apresentado por outras correntes monoteístas, politeístas, deistas, panteístas e como uma energia cósmica pura e simplesmente. O Deus da Bíblia é pessoal, santo, amoroso e justo, e está perto de cada um que o invoca.