O ROUBO DO PRESENTE

02-01-2013 23:55

"Nunca uma situação se desenhou assim para o povo português: não ter futuro, não ter perspetivas de vida social, cultural, económica, e não ter passado porque nem as competências nem a experiência adquiridas contam já para construir uma vida. Se perdemos o tempo da formação e o da esperança foi porque fomos desapossados do nosso presente. Temos apenas, em nós e diante de nós, um buraco negro." (Revista VISÃO, 20 de dezembro de 2012, p. 22, José Gil)

 

O que mais dói é que a comissão liquidatária que se instalou no poder em nome da verdade que se ergueu sobre e à custa de muitas mentiras, ameaça liquidar a esperança, ou seja a determinação de bater o pé e encontrar alternativas. Exigem-se sacrifícios a troco de nada, ou à custa de alguns empregos que quem está no poder terá desde logo como garantidos, porque servem o sistema selvagem que se instalou. A verdade é que nenhuma das pessoas que está hoje no governo terá dificuldades em encontar um bom emprego, muitíssimo bem pago. Fala-se do desemprego com a insensibilidade de quem acredita cegamente na ditadura do mercado. Empurra-se o país para o abismo.

 

Como cristãos a nossa confiança não está nos homens, mas isso não nos impede, antes exige, que declaremos a nossa discordância diante do curso do sistema iníquo que vai estendendo os seus tentáculos. Cabe-nos agir de um modo diferente como pessoas e como comunidades locais, cuidando dos que são descartados.