“Caridade e solidariedade”

03-01-2013 00:20

            “(…) o problema da pobreza – e dos deveres do Estado perante ela – foi (como quase tudo) equacionado por Platão e Aristóteles: o primeiro, totalitário, defendeu a abolição da propriedade privada; o segundo, “pluralista”, preconizou a entrega da governação às classes médias. Mas ambos concordavam num ponto essencial: manter, ou deixar aprofundar, um fosso enorme entre ricos e pobres era dividir a Cidade contra si mesma e, por isso, abrir as portas à revolução ou à tirania.”

            “Jesus Cristo falou do ‘amor ao próximo’ (a que, depois, S. Paulo chamou ‘caridade’), mas também falou dos pobres e dos ricos, deixando uma mensagem clara aos segundos no sentido do dever de partilharem a sua riqueza com os pobres.” (Revista Visão – 20 de dezembro de 2012, p. 66, Diogo Freitas do Amaral)

 

            No meu entender a falsa caridade ou caridadezinha hipócrita e cínica, decorre da promoção de uma assistência social pelos que são responsáveis, fomentam e alimentam a própria injustiça que origina as bolsas de pobreza que acabam por perpetuar. Em termos bíblicos a ajuda dispensada é totalmente distinta porque não está enfeudada a políticas injustas nem lhes serve de respaldo, e ao mesmo tempo comunica valores espirituais, éticos e de dignidade e iniciativa pessoal, fundadas na soberania e provisão divinas no e que promovem a iniciativa pessoal para o seu próprio sustento. A fé cristã não emerge da pobreza instalada e perpetuada. Infelizmente vejo ressurgir na sociedade portuguesa uma certa “cristandade” de mãos dadas com um poder instituído que cala e torna-se conivente com as políticas geradoras da miséria. O obscurantismo e a pobreza sempre foram combatidos quando a Palavra de Deus é proclamada e vivida.